domingo, 3 de novembro de 2013

Vamos ser grandes?

Vocês já repararam como os repórteres e âncoras de algumas rádios e TVs tentam nos infantilizar? O uso abusivo de diminutivos, a repetição dos pronomes, as "brincadeirinhas" a respeito das condições do tempo, a dicção separando as sílabas como se estivessem fazendo um "ditado" para alunos do segundo ano escolar. É irritante. Vamos fazer uma campanha pra mostrar que nem todos os ouvintes/telespectadores têm menos de 7 anos?

Da série PERGUNTAR NÃO OFENDE: Por que os quartos de hotel são tão escuros?


 

Por que os quartos de hotel são tão pouco iluminados?  Independentemente de ser “Europa, França ou Bahia”.
Já repararam que a maioria não tem uma iluminação central, como a gente tem em casa nos nossos cômodos?
Têm arandela ou abajur deslocados e de luz fraca.
É impossível ler, arrumar mala, escolher uma roupa etc.
Será que consideram chique a meia-luz?
Será que supõe que o uso de hotel seja exclusivo para namoro?
Vou morrer sem entender.
Nas próximas viagens pretendo levar uma lâmpada extra de voltagem decente.

sexta-feira, 30 de março de 2012

TELEJORNAL OU TEATRO?





Quando a gente vai ficando mais madura fica mais observadora. Quando se é filósofa então, vê coisas que as outras pessoas parece não verem ou, se veem, não se incomodam. Uma delas que me irrita bastante é o formato do telejornal de hoje.

Tenho saudade do tempo em que o jornalismo de televisão era feito para os telespectadores. Hoje parece bem mais com novela. Não tanto pelo apelo emocional recorrente – os apresentadores se esforçam muito pra fingir sentimentos de comoção e indignação que sabemos serem teatrais – mas principalmente pela encenação teatral dos olhares entre eles. Acho que as chefias dos telejornais dão orientações expressas para que não olhem para as câmeras, mas sim um para o outro, já que o formato dupla está instalado.

Como telespectadora, contribuinte e cidadã me sinto ultrajada. É como se eu estivesse invadindo a privacidade da sala de estar do estúdio. Os âncoras “contam” um para o outro as notícias do dia. Olhos nos olhos e, eventualmente olham para as câmeras (quer dizer, para nós, os intrusos xeretas). Fingem espanto, fingem humor, fingem indignação, fingem surpresa por uma notícia de que tomaram conhecimento muito tempo antes do programa ir ao ar. É ou não é teatro?

Outro ponto que contribui para que o telespectador se sinta subestimado é o excesso de cortesia entre os jornalistas no ar. A nova moda agora é a do excesso de cumprimentos e agradecimentos, seja quando chamam os repórteres externos seja quando chamam entrevistados.     

Ora, os repórteres estão na emissora trabalhando de forma assalariada, portanto não precisam de agradecimento pelo que fazem por ofício/obrigação. Como professora nunca presenciei os alunos dizerem “Muito obrigado pela aula”. Já que era minha obrigação ministrá-la.

Na TV os convidados – autoridades, especialistas – foram contatados previamente e aceitaram participar do programa, seja para divulgarem uma informação/conhecimento, seja simplesmente para “aparecer”. Em qualquer dos casos, os agradecimentos deveriam ser feitos fora do ar. Ou, no limite, apenas por um dos apresentadores e de forma sucinta. Hoje ouvimos coisas como “Muitíssimo obrigada pela presença e pelas informações aqui no nosso Jornal...”. Pra que tudo isso?

Já insisti em outro artigo sobre a responsabilidade cultural da mídia. Em nada ela contribui para a cultura subestimando a inteligência dos telespectadores/cidadãos quando os infantiliza.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

AS FMs E O CELULAR AO VOLANTE


O artigo 252 do Código veda o uso do celular enquanto o condutor dirige. A multa é de R$ 85,13 e o motorista perde quatro pontos na carteira. Falar ao celular enquanto dirige é um dos tipos de multa que mais cresceu na cidade de São Paulo recentemente.

O sinal de frequência do Rádio, como concessão pública, está submetido às leis da comunicação controladas pelo Estado como serviço público, isto é, não é propriedade privada. Por isso tem a obrigação de proteger a democracia e ajudar os indivíduos na prática da cidadania.

Como se explica, então, a atitude das emissoras de rádio que prestam serviço de orientação sobre o trânsito quando pedem ostensivamente que os ouvintes/motoristas lhes enviem mensagens de texto pelo celular relatando problemas no tráfego?

Por que não colocam repórteres nas principais vias congestionadas/congestionáveis? O ouvinte já paga por esse serviço. Duas vezes: quando recolhe impostos e quando ouve a publicidade que sustenta as emissoras. Não deve trabalhar "de graça" para elas. O DETRAN deveria olhar isso.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A UNIVERSIDADE NÃO É UM LUGAR COMO OS OUTROS



No último conflito USP/PM-SP é preciso dizer, antes de tudo, que houve excesso dos dois lados. Sem dúvida a reitoria e o governo do estado escolheram o pior caminho: o uso da força. Estudante é bandido? A questão é mesmo a maconha? O uso de maconha por três alunos justifica o desdobramento do evento?

A imprensa, para embalar o seu apoio à ação policial, repetiu exaustivamente um bordão: “A universidade é um lugar como os outros”. Será?

Vejamos.

1 - Na historia da universidade (sua origem remonta ao início do século XIII) um ponto sempre esteve presente: ela não é um lugar como os outros. A autonomia do trabalho intelectual só pode acontecer na reafirmação constante do caráter específico desta atividade. Isso sempre gerou uma relação tensa com os poderes estabelecidos.  Daí a ambigüidade da relação sociedade/universidade.  “Não se recusa o prestígio do saber, mas os poderes estabelecidos desejam que este saber se subordine de alguma maneira a condições externas ao seu modo específico de disseminação” (LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Autonomia e interação. In Revista USP. Universidade de São Paulo: n. 25, março-maio de 1995, p. 64.

2 - Por que a ação policial se tornou a forma natural de reagir? Por que não mais o diálogo, os debates, as mediações? O que aconteceu com esses mecanismos tão bem usados antes? A sociedade agora é mais violenta? Por isso precisa ser menos democrática? Não seria exatamente o contrário?

3 – Parece haver, então, na escolha do uso da força nas situações de conflito, um esforço pela desinstitucionalização da universidade.  Considerá-la como “um lugar como os outros” é confundir a transitoriedade do tempo com a natureza essencial da instituição. Se isso acontece perdem todos: o governo, a polícia, os estudantes e a sociedade. A submissão às exigências da moral vigente, do mercado, da tecnociência e da produtividade retira da universidade o que é a sua principal missão: justamente questionar o imperativo dos interesses hegemônicos do seu tempo, relativizando-os e exercitando a liberdade como critério ético.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A LÍNGUA É MINHA PÁTRIA 2

Da série À ESPERA DE UMA JUSTIFICATIVA:

a) Por que os repórteres e âncoras só falam em “chuvas” e nunca em “chuva”: “As chuvas de ontem à noite...” Por que não “A chuva de ontem à noite...”?
b) Por que “materiais” e não “material”? “Houve aumento nos preços (por que não no preço?) dos “materiais” de construção.
c) por que nada mais é "grande"? Tudo é "mega"?

Da série MODISMOS:

a) “fim” virou “final”: “Final de semana”, “final de expediente”.
b) “até porque...”


Da série LUGARES COMUNS INSUPORTÁVEIS:

a) luta contra o câncer
b) exemplo de superação

c) rastro de destruição

Da série INFANTILIZEMO-NOS SEMPRE:

a) as “meninas” do vôlei (por que não ‘jogadoras/atletas’?)
b) os “meninos” do basquete (por que não ‘jogadores/atletas’?)

Da série AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA:

a) por que falam em “questão” quando querem apenas se referir a um “tema”?